Ascaridíase biliar maciça como etiologia incomum de pancreatite aguda. Relato de caso

Autores

  • Roberth Andres Hidrovo Giler Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-9915-2754
  • Alexandra Mercedes Melendez Soria Hospital Geral Gustavo Dominguez Z, Santo Domingo – Equador
  • Carlos Arturo Robles Jara Hospital Especializado Madre Teresa – IECED
  • José Galvão-Alves Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0002-2325-0366

Palavras-chave:

Pancreatite aguda idiopática, Infestação parasitária, Áscaris lumbricoides, CPRE

Resumo

A pancreatite aguda (PA) é uma das principais patologias do trato gastrointestinal atendidas nos serviços de emergência em todo o mundo. Estima-se que de 40% a 60% devam-se a cálculos biliares, de 25% a 30% ao álcool, e de cerca de 10% a 15% a outras etiologias, como hipertrigliceridemia, medicamentos, hipercalcemia, traumatismos, pós-colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e pós-ecoendoscopia.(1) Temos também aquelas de etiologia infecciosa, que especialmente em alguns países de América do Sul, África e Ásia podem ser causadas por parasitas como o Áscaris lumbricoides, em cerca de 1% dos casos.(2) A infestação por Áscaris lumbricoides é a helmintíase mais comum no mundo, afetando até 25% da população, sendo mais comum em crianças, em áreas tropicais e em países em desenvolvimento.(3) As formas adultas deste parasita são ativamente móveis, têm natureza errante e podem migrar de seu hábitat natural no duodeno e jejuno proximal em direção à ampola de Vater e entrar na via biliar e, por isso, além da obstrução e/ou perfuração intestinal, outra complicação importante desta infestação parasitária é que pode desencadear: cólica biliar, colecistite, colangite, abscesso intra-hepático e pancreatite aguda com a migração de suas formas adultas para as vias biliares.(4) Do ponto de vista fisiopatológico e clínico, a pancreatite por ascaridíase biliar não difere das outras causas obstrutivas, mas o tratamento, além do manejo clínico correspondente, deve ser completado com a extração dos helmintos com o apoio de métodos endoscópicos.(5) Esse relato pretende discutir o caso de uma criança de 5 anos, diagnosticada com pancreatite aguda por ascaridíase biliar maciça, que necessitou de suporte multidisciplinar, com apoio da endoscopia para remoção completa de todos os parasitas da via biliar por meio de três sessões de CPRE, para assim se alcançar a recuperação completa da paciente.

Biografia do Autor

Roberth Andres Hidrovo Giler, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Médico Cirurgião pela Universidade Técnica de Manabi – Equador

Pós-graduando (PG2) em Gastroenterologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Alexandra Mercedes Melendez Soria, Hospital Geral Gustavo Dominguez Z, Santo Domingo – Equador

Médica Pediatra do Hospital Geral Gustavo Dominguez Z, Santo Domingo – Equador

Carlos Arturo Robles Jara, Hospital Especializado Madre Teresa – IECED

Gastroenterologista e Endoscopista avançado do Hospital Especializado Madre Teresa – IECED, Portoviejo – Equador

José Galvão-Alves, Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

Membro Titular da Academia Nacional de Medicina

Professor Titular de Pós-Graduação em Gastroenterologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Professor Titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques

Chefe da 18ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro

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Publicado

2024-12-20

Edição

Seção

Relato de Caso